A L∴U∴F∴ INTERNACIONAL – Ligue Universelle de Francs-Maçons fundada em Agosto de 1913 na cidade de Berna, Suíça.
A L∴U∴F∴ é uma plataforma de intercâmbio, de comunicação, de Fraternidade que reúne Maçons, homens e mulheres, de todas as Obediências reconhecidas internacionalmente, de todos os graus, de todas as ideologias. Pretende ser um espaço de reflexão e de partilha entre Maçons. Não é uma Fraternal, nem é uma Potência Maçónica. O seu objetivo essencial é de fazer refletir cada um(a) sobre que lugar deve ter a Maçonaria na Polis, muito para além dos dogmas, das ideias feitas à priori e dos preconceitos.
HISTORIA DA LIGA UNIVERSAL DE FRANCO MAÇONS
INTRODUÇÃO – Congresso de Esperanto
Depois de várias e abnegadas tentativas, sobretudo durante a segunda metade do século IXX, para ser criado um movimento internacional maçónico que desse corpo e uma só voz à Universalidade da Maçonaria, cada vez mais presente não só na Europa, como nas Américas, surge em 1903 o Bureau Internacional das Relações Maçônicas. Percebia-se que tentar encontrar consensos ao nível das Obediências Maçónicas alinhadas ou pelo eixo Inglaterra/Estados Unidos da América ou pela França era tarefa quase impossível. Tal realidade, ainda hoje existente, deixava frustrados dezenas de milhares de Maçons que em todo o Mundo desejavam a Paz e a Concórdia entre homens e mulheres que para além das divergências, sentiam que só um movimento independente das Obediências Maçónicas e dos seus antagonismos, podia criar as condições para que a unidade na diversidade se concretizasse em volta dos Grandes Valores Maçónicos que individualmente todos pacificamente aceitavam.
É assim que a 3 de Março de 1905, perante 688 delegados, tem lugar em Boulogne-sur-Mer, França, um Congresso a pretexto do Esperanto, língua que se pretendia de mais fácil aprendizagem e que se pretendia servisse como língua franca, internacional, destinada a toda a população mundial. O seu iniciador, o médico judeu Irmão Ludwik Lejzer Zamanhof, fez a apresentação da versão inicial do idioma em 1887 com a intenção de criar uma língua universal, destinada a estabelecer laços de proximidade entre as nações e facilitar a comunicação entre elas (não, como muitos supuseram, e ainda supõem, para substituir todas as línguas existentes).
A esmagadora maioria dos delegados ao Congresso, vindos das cinco partidas do Mundo, reconheciam-se entre si como Maçons. Os ideais de Fraternidade, de Paz, de Universalidade, de aproximação pelo mais fácil entendimento entre pessoas de todas as Nações que os agrupava em torno do Esperanto, correspondiam aos seus próprios ideais de Maçonaria. É este sentimento de Concórdia e Fraternidade entre Maçons de diferentes Obediências Maçónicas e de países diferentes, que acaba por ser dominante no desenrolar dos trabalhos do Congresso. Passou mesmo a ser conhecido como sendo o Congresso Fundador do Esperanto Maçónico. Foi eleito Presidente do I Congresso e durante alguns anos, o Irmão John Pollen, irlandês, juiz de profissão, seguindo- se-lhe o Irmão L. Pourcines, francês, jornalista, o qual em 1913 exercia o cargo.
FUNDAÇÃO DA LIGA UNIVERSAL DE MAÇONS – 1905
Em 20 de Agosto de 1913 na cidade de Berna, Suíça, tem lugar o 9o Congresso Maçónico anual de Esperanto (1203 delegados) sob os auspícios da Loja “Zur Hoffnung” de Berna. Transformado em Assembleia Geral Mundial decide fundar, nesse dia histórico, a Liga Universal de Maçons – L∴U∴F∴ do francês (língua oficial da Liga), Ligue Universelle de Francs-Maçons ou Universala Framasona Ligo – UFL do Esperanto. Hoje mantém a mesma designação oficial à qual foi adicionado 1905 respeitando assim a sua data de origem enquanto movimento de Fraternidade Universal.
Não sabemos se por proposta da delegação portuguesa em Berna, se por qualquer outra delegação (Portugal estava, no que toca à Maçonaria, muito em moda na época) foi proposto e eleito I Presidente da L∴U∴F∴ Internacional, o Irmão Sebastião Magalhães de Lima, advogado, jornalista e político português.
Sebastião Magalhães de Lima – Primeiro Presidente da L∴U∴F∴ Internacional
Manteve-se no exercício do cargo até ao II Congresso de Paris no ano seguinte, 1914, cancelado, por terem faltado a esmagadora maioria dos congressistas inscritos (3739). A primeira Grande Guerra havia eclodido. Ainda se realizou no ano seguinte, 1915, o III Congresso da L∴U∴F∴ em S. Francisco, Estados Unidos da América, com pequena representação de delegados (163), onde se pensa que Magalhães de Lima terá sido reconduzido, embora nada aponte para que tenha estado presente. No seu auge, a Liga foi implementada em 72 países e tinha 12.000 membros em todo o mundo. Durante a guerra, na década de 40, apenas o grupo suíço permaneceu ativo. A sede mundial da LUF permanece em Genebra.
A manifestação de Paz anunciada para Agosto de 1914 em Paris não se realizou devido à eclosão da guerra. A iconografia do convite alude à autoridade moral da Maçonaria Universal para convocar o encontro (claramente inspirada no ideário da L∴U∴F∴ ): a cadeia de elos, “mãos fraternas”, ao redor de todo o globo. Ao mesmo tempo, o “Grande Arquiteto do Universo” munido de malhete, aponta para o círculo de Fraternidade entre a América do Norte e a Eurásia, e para o princípio transcendental sublinhado pelo sol irradiando para o exterior da mão do próprio Criador.
Fica assim muito bem referenciado o empenhamento dos Maçons portugueses desde os primórdios do movimento e da Fundação da Liga, só interrompido pelos conflitos mundiais qua avassalaram a Europa e o Mundo entre os anos de 1914- 1918 e 1938-1945 em que cessaram todas as atividades da L∴U∴F∴. Por outro lado, também Portugal sofreu uma das ditaduras mais longas da História da Europa entre 28 de Maio de 1926 e 25 de Abril de 1974, período negro em que a Maçonaria esteve proibida, os Maçons perseguidos, muitos presos e torturados só por defenderem os ideais da Paz, da Democracia e da Liberdade.
APARECIMENTO DO PRIMEIRO GRUPO ADMINISTRATIVO PORTUGUÊS PÓS 25 DE ABRIL DE 1974
Depois de conquistada a Liberdade em 1974, reorganizada a Maçonaria Portuguesa em moldes fortemente politizados nos primeiros anos, o que era natural depois de 48 anos de ditadura e proibição, aparecem em meados dos anos oitenta os primeiros vestígios de Irmãos que contactam o exterior no âmbito da LUF INTERNACIONAL. De forma mais ou menos voluntariosa surge o primeiro Grupo Administrativo Português (terminologia própria da L∴U∴F∴ INTERNACIONAL) no período pós ditadura, quando somente uma Obediência ocupava o panorama maçónico em Portugal com o prestígio suficiente para o poder fazer.
Dadas as características próprias da organização dos Grupos Nacionais e da própria L∴U∴F∴ (Maçons organizados a título estritamente individual) pouca ou nenhuma documentação aparece desta época, pois são vários os Irmãos que muito possivelmente mantêm consigo parte desse importante espólio documental. Entretanto a Maçonaria Portuguesa modifica-se e expande-se. Em 1990 surge a Maçonaria Regular e alguns contactos têm lugar no sentido do alargar o campo de recrutamento. Porém, sob influência das respetivas Obediências, o trabalho não se apresenta fácil. De uma forma geral os Maçons portugueses (leia-se no masculino e no feminino), “desconfiam” de tudo o que não venha ou não tenha origem nas suas próprias Obediências. Mesmo assim, o trabalho do Grupo avançou, sobretudo depois de em 1991, durante o Congresso Mundial da L∴U∴F∴ INTERNACIONAL em Berlim (20 a 25 de Agosto), terem sido abertos às Irmãs oriundas de Obediências Femininas ou mistas, iguais direitos de inscrição na Liga, o que veio a acontecer também em Portugal.
No início dos anos noventa, por volta de 1993/1994, assiste-se, graças ao empenho de um punhado de Irmãos, ao revigoramento dos trabalhos e iniciativas do GRUPO ADMINISTRATIVO PORTUGUÊS, tendo inclusivamente sido publicados uns ESTATUTOS-1994 com base no modelo da L∴U∴F∴ INTERNACIONAL.
Foram várias as iniciativas tomadas, sobretudo ao nível de conferências, jantares debate, convívios, etc., envolvendo já Irmãos e Irmãs de diferentes Obediências. Por falta de documentação não se conhecem quaisquer manifestações precisas do GRUPO, nem eventuais publicações
2015 – ANO DO RECOMEÇO COM A «L∴U∴F∴ PORTUGAL»
Aproveitando o vazio existente, feitos os primeiros contactos com a Direção da L∴U∴F∴ INTERNACIONAL e porque alguns dos Maçons envolvidos possuíam já alguma experiência sobre os objetivos que se propunha a Liga, decide um grupo de Irmãos publicitar entre os Obreiros(as) que conhecessem, de qualquer Obediência, o seguinte:
« A Maçonaria Universal tem por objetivo promover a Fraternidade entre os Homens e o aperfeiçoamento de toda a Humanidade. Não cabe à Maçonaria como tal, tomar a iniciativa de promover ações visando aquele objetivo, mas sim aos seus Membros enquanto indivíduos. Ações essas que se baseiam na perspicácia, na intuição e na consciência de cada um. Estas qualidades são diferentes de um Maçon(a) a outro(a). A Maçonaria permite, através do seu método simbólico, desenvolver o conhecimento e a força interior do Maçon(a), em ordem a conseguir-se alcançar um Mundo melhor. Porém, cada um (uma) tem as suas próprias opiniões pessoais, sendo esta a razão que impede a Maçonaria de tomar posição em nome dos seus Membros.
A L∴ U∴ F∴ – 1905, é uma plataforma de intercâmbio, de comunicação, de Fraternidade que reúne Maçons, homens e mulheres livres, de todas as Obediências, de todos os graus, de todas as ideologias. Pretende ser um espaço de reflexão e de partilha entre Maçons(as) responsáveis AGINDO A TÍTULO ESTRITAMENTE INDIVIDUAL.
Não é uma Fraternal, nem é uma Potência Maçónica. O seu objetivo essencial é de fazer refletir cada um(a) sobre que lugar deve ter a Maçonaria na Polis, muito para além dos dogmas, das ideias feitas à priori, dos preconceitos, do diz que não simplesmente “porque não”… »
A este apelo que granjeou grandes espectativas, corresponderam Irmãos e Irmãs de seis Obediências Maçónicas Portuguesas. Feita a apresentação do que é a Liga e do que se propõe, logo ali aderiram todos os presentes preenchendo as respetivas fichas de adesão, as quais foram posteriormente remetidas à Secretária Geral em França. Seguiram-se excelentes momentos de convívio fraterno entre todos como até aí nunca tinha acontecido, sobretudo fora de Lisboa.
“L∴U∴F∴ PORTUGAL” – LIGA UNIVERSAL PARA A FRATERNIDADE
16 de Janeiro de 2016 dá-se a Assembleia Geral Constitutiva para a qual havia sido enviada a respetiva convocatória e a ordem de trabalhos. Estão presentes cerca de 60 Irmãos e Irmãs de seis Obediências Maçónicas portuguesas.
A Assembleia Geral da Associação convocada nos termos da lei, confirmou as decisões tomadas em 16 de Janeiro aquando da Assembleia Geral Constitutiva, a saber: aprovação oficial dos Estatutos de acordo com a Legislação portuguesa em vigor, bem como os corpos gerentes os quais tomaram posse de imediato.
«A L∴U∴F∴ PORTUGAL» – LIGA UNIVERSAL PARA A FRATERNIDADE é uma associação de direito (pessoa colectiva) com o no. de contribuinte no 513864873 e conta à data com 65 associados na plenitude dos seus direitos estatutários. O seu objeto consiste no desenvolvimento de atividades de carater fraternal entre pessoas e povos do mundo inteiro, sejam elas de carácter solidário, culturais, científicas, pedagógicas, de intervenção social, cívica ou de formação pessoal e profissional. Aos membros da «L∴U∴F∴ PORTUGAL» – LIGA UNIVERSAL PARA A FRATERNIDADE é garantida total liberdade de consciência, assumindo integralmente os valores e os princípios constantes da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e proíbe-se de orientar a sua ação por quaisquer critérios de natureza partidária ou religiosa.
A «L∴ U∴ F∴ PORTUGAL» – LIGA UNIVERSAL PARA A FRATERNIDADE integra a L∴U∴F∴ INTERNACIONAL logo desde a sua fundação, sendo legitimamente reconhecida por esta como GRUPO ADMINISTRATIVO PORTUGUÊS, desde a última reunião do seu diretório em Pádua, Itália, a 12 de Março de 2016.